Bem vindos,

Bem vindos, ao mundo virtual da informação, fiquem atentos...muita coisa vai rolar..

quarta-feira, 27 de abril de 2011

ENTREVISTA COM PAULO RICARDO

MOMENTOS ANTES DO SHOW DA VIRADA CULTURAL



Foram muitas idas e vindas do RPM desde a formação do grupo, que estourou nos anos 80. Separados desde 2007, o cantor Paulo Ricardo, o tecladista Luiz Schiavon, o baterista Paulo P.A. e o guitarrista Deluqui voltam a se reunir para gravar um disco de inéditas, ainda sem nome definido. A primeira aparição da mais recente reunião do grupo será durante a Virada Cultural. Paulo Ricardo promete cantar uma inédita na ocasião. "Vai ser surpresa."



O show do disco novo está marcado para o dia 20 de maio no Credicard Hall. Segue abaixo entrevista com Paulo Ricardo.



DIÁRIO_ O show da Virada Cultural será o marco da volta do RPM em formação original?

PAULO RICARDO_ Sim. A base de tudo é essa fidelidade dos fãs. Sempre houve uma demanda constante para que existisse a volta do RPM. Mas é uma história comum, as bandas vêm e vão. A gravação do programa "Por Toda a Minha Vida" foi decisivo para essa retomada. Foram muitos meses mergulhados nessa história, vendo depoimentos, revirando o baú de lembranças daquela época e decidimos voltar. Seja lá o que for que tínhamos de fazer separados, nós já fizemos.


Luciana Figaro e PR nos bastidores da Virada Cultural


Então as desavenças que fizeram você e Luiz Schiavon se separarem estão superadas?

Não estaríamos juntos, se não estivéssemos muito bem. O trabalho de compor e criar músicas, além da convivência bastante estreita, não permite relacionamentos sem entendimento. É muito intenso.




Como vocês conseguiram retomar a parceria?

Foi preciso tempo para resolver tudo e entender nossas diferenças. Chegamos à conclusão de que os muitos elementos díspares que separavam nossas personalidades, na verdade, representam momentos criativos incríveis. Tudo isso é um sinal de maturidade. Hoje, a gente procura olhar e reconhecer os pontos que nos fazem crescer.




Como foi o entrosamento durante o trabalho no estúdio?

Foi muito prazeroso. O pop rock é um gênero muito amplo, que permite variações diversas. Hoje, a gente se conhece bem, tanto como pessoa quanto como artista. Isso nos permite reconhecer o RPM, saber que uma aparente limitação, na verdade, pode ser um estilo peculiar. No nosso terceiro disco, "Quatro Coiotes", por exemplo, procuramos inserir alguns elementos mais brasileiros, como berimbaus, e nos afastamos do RPM em sua essência. Somos tecnopop, com uma pegada eletrônica forte.



Então o novo disco é uma volta às origens do RPM?

Sim, é uma volta às origens, mas com recursos eletrônicos bem mais modernos.



Esses quatro anos de separação foram importantes para chegar a essas conclusões?

Foram importantes. O fato de termos começado a carreira num grau muito alto de sucesso tudo sempre ficou avaliado a partir dessas perspectiva. Ninguém vai vender mais discos que o RPM hoje em dia. Foram cinco anos muito intensos e desgastantes. Acho que precisava desse tempo de pausa. Mas, como dizia meu amigo Cazuza, "O Tempo Não Para". Chegamos a um ponto em que não sentíamos mais o mesmo tesão de compor separados. Reconhecer isso é maravilhoso. É uma lição de humildade e posicionamento a favor do coletivo em detrimento do individual. Quando voltamos a trabalhar juntos sem defesa ou exacerbação do ego, percebemos que temos uma verdadeira dádiva.




Pode-se esperar elementos do antigo RPM no novo disco?

Estamos fazendo uma espécie de RPM reloaded. Canções de rock dançante.



O tema das letras também será mantido?

Sempre há a cobrança de fazer letras igualmente politizadas e amorosas daquela época. Mas, hoje, a ótica é a de uma pessoa da minha idade. Aquela ingenuidade não existe mais, foi substituída pelo cinismo.



Você sentiu uma certa pressão quando foi anunciada a volta do RPM?

Foi horrível, mas já passou. Quando decidimos retomar, fazia mais de um ano que eu não compunha uma música nova. Senti medo da fonte ter secado, fiquei com um bloqueio criativo. Tive de pensar o RPM após dez anos.



Na Virada Cultural, o RPM vai tocar na sequência de outras bandas que marcaram os anos 80. Ficar ligado a uma época incomoda?

Há uma realidade que existe e seria um absurdo contestá-la. Vejo isso dos anos 80 como um fantasminha camarada que está sempre por perto, mas não incomoda. O material novo irá nos contextualizar.



Diário de S.Paulo
12/04/2011



Nenhum comentário: